“No Brasil, a exploração sexual de crianças e adolescentes é crime previsto no artigo 244 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Quem cometer o crime está sujeito a pena de 4 a 10 anos de reclusão, além da multa.” Isso é o que diz a lei, mas desde quando a obediência de leis é prioridade do brasileiro?
Quando falamos em exploração sexual, logo vem a revolta. A sociedade se mantém firme em seu ponto de vista moralista a respeito do assunto. Ouviremos muitas pessoas falarem “Horrível!Absurdo!Uma afronta aos direitos humanos!”, mas quantos desses não participam do tráfico de pessoas, seja como vendedores, seja como compradores?
A exploração sexual infantil é a mais desleal, pois não estamos falando de seres humanos maduros, estamos tratando de crianças e adolescentes com o mínimo de conhecimento tanto sobre sexo quanto sobre vida. Mas qual a solução para o problema? Talvez políticas socio-educativas, talvez mais empregos, talvez buscar uma resposta dentro da nossa própria história.
Na antiguidade, em muitas civilizações, a prostituição era praticada por meninas como uma espécie de ritual de iniciação quando atingiam a puberdade.No Egito antigo, na região da Mesopotâmia e na Grécia, via-se que a prática tinha uma ritualização. As prostitutas, consideradas grandes sacerdotisas (portanto sagradas), recebiam honras de verdadeiras divindades e presentes em troca de favores sexuais.
E por que isso mudou? É simples, durante a Idade Média houve a grande tentativa de eliminar a prostituição, impulsionada em grande parte pela moral cristã, mas também pelo grande surto de DSTs, principalmente sífilis. Mas então por que a prostiuição não acabou? Neste período havia o culto ao casamento cortês, onde as uniões eram arranjadas somente por interesse. Casamento forçado? Interesses econômicos acima de tudo? Não seria esse um indicio de exploração sexual? A tentativa da igreja na Idade Média não só falhou, como ainda reforçou a prostituição.
Voltando ao presente, a prostituição em muitos países é uma profissão legalizada. Há a conhecida zona vermelha de Amsterdã onde mulheres ficam expostas nas vitrines e fazem sexo por dinheiro com muita naturalidade . Então nesses países prostituição não é mais exploração? Isto depende de seus conceitos. A exploração sexual está inteiramente ligada aos valores morais, econômicos e culturais da sociedade em que situa.
No Brasil, prostituição é contra a lei, mas você conhece alguma prostituta que foi presa? Exploração é sinônimo de injustiça. E é contra ela, a exploração, que a sociedade deve lutar. Mas, que não sejamos hipócritas ao denunciar a exploração sexual, levantando posturas sólidas de indignação, enquanto muitos de nós participam da prostituição virtual, a exploração globalizada. Ou será que você nunca entrou em um site de fotos eróticas, alugou um filme pornô, comprou revistas e até mesmo acionou sua webcam para conversas, eu diria intimas, com outro internauta?
É preciso pensar e discutir a prostituição e a exploração sexual infantil sem tabus, com fatos e idéias sinceras, pois como disse este assunto desde muito tempo dá o que falar.